Ela explica-nos a importância em nos concentrarmos nas pequenas coisas do dia, da vida. Em assentar ideias reais no papel e vê-las realizadas, em criar hábitos que nos fazem evoluir e viver esta nossa vida com mais intenção e com gratidão. Passos de uma transformação que acontece dentro de nós, que nos ajudam a chegar aos nossos sonhos e a quem verdadeiramente somos, mas sempre apreciando esta viagem.
Ela é a Ana Juma, empreendedora e criadora do My Life Journal
“Essas vozinhas vão, provavelmente, sempre existir… A diferença é como reagimos a elas. Sinto também que quando estás genuinamente a viver uma vida de propósito maior, ganhas mais coragem para arriscar e ir para além do que conheces, porque no final do dia a causa é maior que tu.”
Ana Juma
Quem é a Ana?
Ah! Vou redescobrindo todos os dias. A minha essência procura liberdade, apreciar a beleza nas “pequenas” coisas da vida, e fazer parte da criação de um mundo com mais compaixão, amor e sentido.
Em criança, quais eram os teus sonhos para a vida adulta?
Queria ser artista. Dançar, cantar, escrever, representar. Entretanto comecei a acreditar na ideia que é difícil ser uma artista bem sucedida e que não iria ser capaz de criar o estilo de vida que procuro. Acabei assim por escolher estudar economia e gestão.
Como foi o teu percurso académico e em que área(s) te especializaste?
Sendo que passei a maior parte da adolescência muito fechada no meu próprio mundo, percebi que o que precisava para o percurso académico era expandir os horizontes em outras áreas de vida, sobretudo na área social. Procurava uma opção que me ajudasse a crescer também como pessoa, e encontrei isso na Licenciatura de Gestão de Marketing no ISCTE.
Terminaste o teu curso… e o que se seguiu?
O vazio de não saber, afinal, o que pretendo fazer com a minha vida profissional. Sabia que a resposta passava, primeiro, por perceber melhor quem sou, e para isso precisava de crescer com novas experiências de vida. No mesmo mês peguei nas malas, nas poupanças, e fui fazer voluntariado para a Índia.
Num determinado momento da tua vida deixaste o teu trabalho a full-time e toda a estabilidade que isso representava, para ficares um pouco mais próxima daquilo que ias descobrindo ser a tua missão. Como foi a reação a nível familiar a esta tua decisão?
A família tem sido o meu maior apoio. No entanto, confesso que também houve o momento de ter sido questionada se o melhor não seria voltar a encontrar um trabalho a full-time por toda a estabilidade financeira e emocional que dá.
Aí percebi que nem todos vão entender a tua visão, resiliência e fé, e está tudo bem. A incerteza provoca insegurança, e por norma quem te quer bem também te quer proteger.
Qual foi o papel da dúvida e do medo em todo este processo de procura pelo qual passaste?
Na verdade, tanto a dúvida como o medo são constantes. O que tenho aprendido é saber reconhecê-los, aceitá-los e transformá-los em instrumentos de desenvolvimento pessoal. Essas vozinhas vão, provavelmente, sempre existir… A diferença é como reagimos a elas. Sinto também que quando estás genuinamente a viver uma vida de propósito maior, ganhas mais coragem para arriscar e ir para além do que conheces, porque no final do dia a causa é maior que tu.
Qual a história do My Life Journal?
O My Life Journal surge como a combinação de duas paixões: a da escrita e a de transformação pessoal. Estava na Malásia quando a ideia começou a solidificar. A prática estava a ajudar-me tanto a ser mais produtiva e a viver com intenção que comecei a partilhá-la com os meus colegas lá no trabalho. Entretanto, andava sempre com dois ou três journals na mala até que decidi colocar tudo em apenas um e criar o meu próprio sistema que sabia ser eficaz. Assim, no final de 2017 voltei a Portugal para dar luz ao My Life Journal como parte da missão de criar ferramentas bonitas e sustentáveis de liberdade pessoal.
O que tens aprendido sobre este caminho de criar uma vida mais feliz e com significado?
Acredito que existem duas formas de viver a vida: ou como vítima ou como criadora. A vítima foca-se nos problemas, a criadora foca-se em soluções. Encontrar felicidade e significado é uma prática diária que vem com intenção. É uma escolha. Claro que também vão existir momentos transitórios em que vamos experienciar dor, tristeza, etc., e ainda bem! Muitas vezes, são esses momentos que nos trazem a sabedoria e o crescimento que precisamos para passar ao capítulo seguinte da nossa vida.
Ainda trabalhas para a Mindvalley? No que consistia aqui o teu trabalho?
Já não! Estive na Mindvalley durante 3 anos e trabalhei em gestão de conteúdos e de comunidades nas redes sociais.
Para além da Mindvalley, encontraste a trabalhar em mais alguma empresa ou projecto?
Uff, sim! Comecei a trabalhar aos 18 anos enquanto estudava. Experimentei várias coisas, desde figuração em novelas, organização de eventos, trabalho editorial numa revista online de marketing, e até fazer turnos noturnos num hostel. Antes de ir para a Mindvalley na Malásia estava em Lisboa no departamento de marketing da Unilever.
Já descobriste como podes fazer a diferença neste mundo, ou ainda te encontras no processo de procura?
Acredito que todos os dias são oportunidades de contribuir para um dia melhor de alguém — um estranho, um familiar, um amigo. Parece-me que colocamos tanta pressão em encontrar “a grande missão” (contra mim falo!) que acabamos por nos esquecer que a mudança começa nas pequenas interações mundanas, independentemente do que fazes profissionalmente. É um processo sim, mas não só de procura. Muitas vezes vem ao teu encontro, apenas temos de ouvir e aprender a reconhecer.
Tens algum livro, ou outro recurso, que queiras recomendar às meninas empreendedoras que andam a seguir os seus sonhos ou se preparam para isso?
“Thrive” da Arianna Huffington. É um livro sobre a redefinição da ideia de sucesso que prioritiza o equilíbrio e bem-estar acima de tudo. É tão bom tornar uma visão em realidade, mas é ainda melhor quando o caminho é aquilo que fez tudo valer a pena.
Indica-nos uma conta de Instagram que seja especial para ti e te inspire.
Se procuram um momento de awe, vejam o @jasonsilva. Já o sigo há vários anos e tem sido uma inspiração em como expressar a experiência humana em palavras. Genial!
Como defines a palavra liberdade?
Liberdade é viver a vida como Criadora. É aquela sensação de possibilidade, vitalidade, expressão de tudo o que és.
Se te pedisse para fechares os olhos e pensares em ti daqui a 10 anos, o que vês?
Vejo alguém que vive em sintonia com a sua essência e propósito de vida, em liberdade e abundância, seja enquanto filha, mãe, amiga, visionária, criadora. A cada novo dia, a vida tornar-se-á ainda mais rica e bonita!